Além da BR 158, que passa pela região das usinas, o acesso é complementado pela extensão da Ferrovia Norte-Sul, que vai permitir a integração até Anápolis (GO). Nesse caso, a usina de Barra do Garças (uma das três do Cluster de Bionergia) poderá usar essa alternativa, adotando o transporte rodoviário até o ramal da cidade goiana, com destino final em São Luiz, no Maranhão. Outra alternativa ferroviária é a malha da ALL, escoando a produção do Cluster até Paulínia ou Santos, no Estado de São Paulo.
O alcoolduto, construção que liga os produtores do Centro-Oeste à Paulínia e Santos, é outra via de transporte. Nesse caso, o etanol a ser produzido no Cluster seguirá – via caminhão – até Jataí, em Goiás, onde um ramal do duto fará a ligação com o mercado consumidor paulista e, caso seja necessário, para exportação via porto de Santos. A licitação para o projeto executivo da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico) é outra boa noticia, de acordo com Meirelles, uma vez que abre mais outra via de transporte, pois seu traçado passa pela usina de Água Boa.
De acordo com reportagem da revista Petróleo e Energia, a agricultura responde por 70% dos custos de produção e é o foco das novas tecnologias no caso do etanol. O campo avançado em pesquisa nessa área é o Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE), sediado em Campinas. Trata-se de grande instituto de biotecnologia, inclusive com com uma planta piloto que vai ampliar várias pesquisas do nível de laboratório para uma escala semi-industrial. De acordo com seu diretor, Marco Aurélio Pinheiro Lima, o CTBE tem focado sua atuação principalmente em dois temas: combinar o plantio direto e agricultura de precisão e fazer da indústria de cana de açúcar um modelo de biorrefinaria.
No primeiro caso, o laboratório tem uma forte parceria com a Embrapa e quer trazer para a cana de açúcar o conhecimento já aplicado na cultura de grãos no Brasil. A ideia é conjugar esse conhecimento com métodos precisos, aumentando a produtividade da cana de açúçar. De acordo com Lima, as possibilidades são grandes nessa área. Um exemplo é a produtividade média de 90 toneladas de cana por hectare em São Paulo. Numa mesma área, ele destaca pode haver picos de 100, 120 toneladas.
"Há muito espaço para aprendizado, como se observa em experimentos da Embrapa, na Bahia, onde a cana irrigada pode passar de 200 toneladas por hectare em termos de produtividade", informa o especialista. Ele destaca que os avanços conseguidos pelo Brasil podem ser ainda maiores. Foi a maturidade do setor que permitiu produtividade de um hectare de cana aumentasse 125% desde 1975. Apesar disso, vários desafios ainda precisam ser vencidos, caso do manejo do solo.
Biorrefinaria significa que uma usina integrada pode produzir açúcar, etanol, eletricidade e que tenha a capacidade também de atrair outras indústrias químicas e fazer com que se produzam blocos químicos para uma indústria verde. "Isso pode levar a uma mudança ainda mais forte na produtividade de litros de etanol por hectare de terra", explica. Lima, do CTBE. De acordo com o instituto, 70% dos custos de produção de etanol estão ligados aos processos de agricultura, o que torna essa área estratégica para os produtores. Na avaliação do especialista, o processamento industrial da primeira geração de etanol está dominado e há pouca margem para ser otimizada, o que torna as pesquisas na área agrícola ainda mais relevantes.
Um exemplo é a aplicação de novas variedades mais adaptadas às novas fronteiras formadas no Centro-Oeste e, em menor escala, em Minas Gerais. "Tivemos um grande avanço na década de 1990, que foi o gerenciamento, ou seja, usar variedades melhores, plantar na hora certa, adubar de forma correta. Esse conhecimento acumulado em São Paulo, pode ser transferido para outras regiões, mas deve-se considerar uma série de diferenciais", adverte.
Ele lembra que a cana de açúcar tem um ciclo bem definido, começando com um período quente e úmido, de dezembro a março. Ela adquire peso, mas tem pouco açúcar. Na seca, e com o frio, o vegetal entra em "estresse" e começa a produzir açúcar. Em abril, o nível de açúcar pode chegar a 12% – 12,5%, sendo que o pico acontece de agosto a setembro, quando porcentagem chega a 15-16%. "No Centro-Oeste há períodos secos maiores, embora o índice pluviométrico sejva similar ao de São Paulo. Lá são de quatro a cinco meses sem chuva, o que é demais para algumas variedades de cana. É um estresse hídrico que se não matar a planta, pode enfraquece-la", detalha.
Av. Adolfo Pinheiro, 1010 - cj 52
CEP 04734 002 - São Paulo - SP - Brasil
TEL: 55 (11) 2129-2100
FAX: 55 (11) 2129-2121
Av. Rio Branco, 156 - cj 1007
CEP 20040-901 - Rio de Janeiro - RJ - Brasil