WEB News

Versão digital do Jornal Impresso INTECH News

Setembro, Outubro e Novembro de 2012 / Ano2 / Número 8

ECONOMIA E NEGÓCIOS

Cluster de Bioenergia avança no Centro-Oeste




Um dos grandes projetos de produção de etanol e de energia no Brasil, o Cluster de Bionergia avança em seu cronograma. Ainda em 2012, a primeira usina, com capacidade para processamento, em sua primeira fase de operação, de 1,1 milhão de toneladas de cana de açúcar começa a ganhar corpo. O projeto tem 26 acionistas, entre os quais a INTECH Engenharia e, quando estiver em plena carga, vai processar 4,7 milhões de toneladas de cana de açúcar e ter uma usina de energia elétrica associada, com capacidade nominal de 90 MW. Além da sinergia entre produção de etanol e geração de energia (dois terços ou 60 MW serão comercializados no mercado livre e o terço final será consumido pelo projeto), o Cluster de Bioenergia é favorecido por uma estrutura logística que também está alinhada com a expectativa dos empreendedores.

"Tivemos a aprovação de um financiamento de R$ 188 milhões do FCO (Fundo Constitucional do Centro-Oeste), que vai se juntar aos R$ 261 milhões provenientes do Finame, do BNDES, para financiamento das máquinas e equipamentos a serem utilizados na primeira usina", explica o empresário João Carlos de Souza Meirelles, presidente do Cluster de Bionergia. Ele lembra que o projeto também poderá ter o aporte de dois grandes investidores internacionais, sendo um deles produtor europeu de etanol a partir de milho. O interesse internacional não acontece à-toa. A viabilidade do empreendimento é reforçada pela estrutura de logística que cerca a região.

Se logisticamente o projeto está bem coberto, outras duas frentes importantes sinalizam o acerto do Cluster. A primeira delas é o sucesso das variedades de cultura de cana de açúcar que vêm sendo testadas e que serão usadas como fonte de matéria prima do projeto. A outra está relacionada às licenças para operação do empreendimento, igualmente aprovadas. Com tais encaminhamentos, Meirelles avalia que as três etapas da primeira usina estarão operacionais até 2017, seguindo a estratégia modular de ativação. Quando isso acontecer, a capacidade de produção nominal será de 430 milhões de litros de etanol / ano, secundada por uma geração de 90 MW da usina integrada.



O Cluster em números


Investimentos: R$ 3,3 bilhões em todas as etapas do projeto

Acionistas: 26, majoritariamente pessoas jurídicas

Usinas em MT: Barra do Garças (A), Água Boa (B) e Nova Xavantina (C)

Capacidade de cada usina: 4,7 milhões de t de cana de açúcar

Viveiros de cana de açúcar: área de 700 hectares

CONTEÚDO EXCLUSIVO DO SITE

Logística é um dos pontos fortes do Cluster de Bionergia


Além da BR 158, que passa pela região das usinas, o acesso é complementado pela extensão da Ferrovia Norte-Sul, que vai permitir a integração até Anápolis (GO). Nesse caso, a usina de Barra do Garças (uma das três do Cluster de Bionergia) poderá usar essa alternativa, adotando o transporte rodoviário até o ramal da cidade goiana, com destino final em São Luiz, no Maranhão. Outra alternativa ferroviária é a malha da ALL, escoando a produção do Cluster até Paulínia ou Santos, no Estado de São Paulo.
O alcoolduto, construção que liga os produtores do Centro-Oeste à Paulínia e Santos, é outra via de transporte. Nesse caso, o etanol a ser produzido no Cluster seguirá – via caminhão – até Jataí, em Goiás, onde um ramal do duto fará a ligação com o mercado consumidor paulista e, caso seja necessário, para exportação via porto de Santos. A licitação para o projeto executivo da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico) é outra boa noticia, de acordo com Meirelles, uma vez que abre mais outra via de transporte, pois seu traçado passa pela usina de Água Boa.






CTBE é centro de excelência em etanol


De acordo com reportagem da revista Petróleo e Energia, a agricultura responde por 70% dos custos de produção e é o foco das novas tecnologias no caso do etanol. O campo avançado em pesquisa nessa área é o Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE), sediado em Campinas. Trata-se de grande instituto de biotecnologia, inclusive com com uma planta piloto que vai ampliar várias pesquisas do nível de laboratório para uma escala semi-industrial. De acordo com seu diretor, Marco Aurélio Pinheiro Lima, o CTBE tem focado sua atuação principalmente em dois temas: combinar o plantio direto e agricultura de precisão e fazer da indústria de cana de açúcar um modelo de biorrefinaria.

No primeiro caso, o laboratório tem uma forte parceria com a Embrapa e quer trazer para a cana de açúcar o conhecimento já aplicado na cultura de grãos no Brasil. A ideia é conjugar esse conhecimento com métodos precisos, aumentando a produtividade da cana de açúçar. De acordo com Lima, as possibilidades são grandes nessa área. Um exemplo é a produtividade média de 90 toneladas de cana por hectare em São Paulo. Numa mesma área, ele destaca pode haver picos de 100, 120 toneladas.

"Há muito espaço para aprendizado, como se observa em experimentos da Embrapa, na Bahia, onde a cana irrigada pode passar de 200 toneladas por hectare em termos de produtividade", informa o especialista. Ele destaca que os avanços conseguidos pelo Brasil podem ser ainda maiores. Foi a maturidade do setor que permitiu produtividade de um hectare de cana aumentasse 125% desde 1975. Apesar disso, vários desafios ainda precisam ser vencidos, caso do manejo do solo.






O que é uma biorrefinaria


Biorrefinaria significa que uma usina integrada pode produzir açúcar, etanol, eletricidade e que tenha a capacidade também de atrair outras indústrias químicas e fazer com que se produzam blocos químicos para uma indústria verde. "Isso pode levar a uma mudança ainda mais forte na produtividade de litros de etanol por hectare de terra", explica. Lima, do CTBE. De acordo com o instituto, 70% dos custos de produção de etanol estão ligados aos processos de agricultura, o que torna essa área estratégica para os produtores. Na avaliação do especialista, o processamento industrial da primeira geração de etanol está dominado e há pouca margem para ser otimizada, o que torna as pesquisas na área agrícola ainda mais relevantes.

Um exemplo é a aplicação de novas variedades mais adaptadas às novas fronteiras formadas no Centro-Oeste e, em menor escala, em Minas Gerais. "Tivemos um grande avanço na década de 1990, que foi o gerenciamento, ou seja, usar variedades melhores, plantar na hora certa, adubar de forma correta. Esse conhecimento acumulado em São Paulo, pode ser transferido para outras regiões, mas deve-se considerar uma série de diferenciais", adverte.

Ele lembra que a cana de açúcar tem um ciclo bem definido, começando com um período quente e úmido, de dezembro a março. Ela adquire peso, mas tem pouco açúcar. Na seca, e com o frio, o vegetal entra em "estresse" e começa a produzir açúcar. Em abril, o nível de açúcar pode chegar a 12% – 12,5%, sendo que o pico acontece de agosto a setembro, quando porcentagem chega a 15-16%. "No Centro-Oeste há períodos secos maiores, embora o índice pluviométrico sejva similar ao de São Paulo. Lá são de quatro a cinco meses sem chuva, o que é demais para algumas variedades de cana. É um estresse hídrico que se não matar a planta, pode enfraquece-la", detalha.

 

 

Voltar

ESCRITÓRIO SÃO PAULO

Av. Adolfo Pinheiro, 1010 - cj 52
CEP 04734 002 - São Paulo - SP - Brasil
TEL: 55 (11) 2129-2100
FAX: 55 (11) 2129-2121

ESCRITÓRIO RIO DE JANEIRO

Av. Rio Branco, 156 - cj 1007
CEP 20040-901 - Rio de Janeiro - RJ - Brasil

Intech Enegenharai Empresa Certificada
Copyright © Intech Engenharia - Todos os direitos reservados.