A economia criativa não está somente na web. E Johnson dá outro exemplo de como a criatividade pode dar saltos impressionantes: as incubadoras responsáveis pelo salvamento de bebês prematuros começaram a ser construídas em 1870, quando um obstetra parisiense chamado Stéphane Tarnier fez uma visita ao zoológico da capital da França, num dia de folga. O recinto cálido das chocadeiras de frango do zoo serviu de inspiração para a idéia de combater a alta mortalidade infantil nas maternidades francesas. Tarnier era obcecado pela estatística e usou essa habilidade para medir o índice de mortalidade das crianças de baixo peso – antes e depois da criação de sua incubadeira. O resultado foi impressionante: a taxa de mortalidade foi reduzida pela metade. Graças, ao dia de folga do médico, de sua capacidade de observação e da criatividade.
O café criativo
Uma iniciativa inovadora citada por Steven Johnson foi a do psicólogo americano Kevin Dunbar que, em 1990, resolveu estudar como funciona a criatividade dos cientistas. O pesquisador instalou câmeras em quatro dos mais importantes laboratórios de biologia molecular dos Estados Unidos, uma espécie de BBB universitário. O mais curioso da pesquisa de Dunbar foi a identificação do local que permite o florescimento da criatividade entre os cientistas. Se você apostou na imagem de um pesquisador sozinho em seu laboratório, errou feio. A usina de boas ideias acontecia justamente numa mesa de reunião, quando os cientistas – às dúzias – reuniam-se de forma informal para tomar café e trocar ideias. "Os resultados do raciocínio de uma pessoa tornavam-se o input para o raciocínio de outra...", destacou o psicólogo. A Microsoft é dona de outro foco de criatividade: quando construiu o chamado Building 99, prédio inovador para seus funcionários, ela não só criou salas amplas, que permitem a interação, como também instalou as mixer stations, substituindo as cozinhas fechadas tradicionais. São pontos de encontro, abertos e prontos para receber os funcionários e, estimular a troca de ideias.
Tratamento da osteoporose está nos corais
Um dos casos de criatividade mais destacados do livro de Steve Johnson é do cientista Brent Constanz, que criou um cimento ósseo destinado a reparar fraturas e que tem sido usado no tratamento da osteoporose. A descoberta não aconteceu no laboratório fechado, mas durante suas férias na casa dos pais. Lendo um artigo sobre as enormes despesas médicas com saúde associadas à osteoporose, ele guardou a informação. Semanas depois, mergulhando num recife, ele fazia experimentos para medir a velocidade com que os corais criavam seus esqueletos. Bingo. Juntou as duas informações e começou a pesquisar uma forma de desenvolver esse cimento. Mais impressionante ainda foi descobrir que o dióxido de carbono poderia acelerar o processo e que é exatamente essa substância que muitas indústrias querem descartar. Mais outro salto. Hoje, Constanz fundou uma empresa de alta tecnologia chamada Calera e é um dos pioneiros no desenvolvimento do cimento ósseo.
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